Ficha Técnica
Título: A História de MalikahAutor: Marina Carvalho
ISBN: 978-85-250-6336-6
Páginas: 336
Ano: 2017
Editora: Globo Alt
Malikah conheceu muito cedo toda a crueldade de que o ser humano é capaz. Escravizada e trazida ainda criança da África ao Brasil, sofreu as mais diversas formas de violência, especialmente depois de ter engravidado de Henrique, o filho do dono da fazenda onde trabalhava. Mesmo sendo resultado de uma relação de amor, estar grávida de um de seus senhores era uma afronta aos homens da casa-grande, por isso Malikah foi duramente castigada e quase morta. Malikah e seu bebê, Hasan, só conseguiram escapar com a ajuda de Cécile e Fernão, que lhes deram abrigo na Quinta Dona Regina, um lugar novo onde todos, brancos e negros, poderiam viver em liberdade. Porém, mesmo com a relutância de Malikah, Henrique continua por perto, arrependido por não ter protegido sua amada e tentando se aproximar de Hasan. Mas como um homem que foi ensinado a cometer tantas atrocidades poderá dar a uma criança o amor incondicional? Apesar de Malikah ainda sentir algo por ele, é possível perdoar alguém que representa para ela tantos anos de injustiça e sofrimento?
Resenha
Eu já amava os livros da Marina, mas ela se superou ao entrar nos romances históricos. Me apaixonei por O Amor nos Tempos do Ouro e não foi diferente com A História de Malikah.
Nesse romance a protagonista é a ex-escrava Malikah e, embora seja uma história independente, se passa cronologicamente após o primeiro livro. Aqui Malikah vive com seu filho Hasan na Quinta Dona Regina, terras de Fernão, sua esposa Cécile e da filhinha Bárbara, para onde todos foram após fugir da Fazenda Real, terra do abominável Euclides de Andrade. Mas tem outra pessoa que vive nessas terras e de quem Malikah quer distância: Henrique.
Malikah foi trazida da África quando ainda era criança junto com a família, mas apenas ela e a mãe chegaram com vida ao navio que as trariam ao Brasil. Por um milagre conseguiram ficam juntas, na mesma fazenda, mas enquanto sua mãe foi levada para a casa-grande (para onde as escravas mais bonitas eram levadas) a criança foi relegada aos cuidados dos demais escravos da senzala.
Desde cedo Malikah conheceu a crueldade humana, mas também descobriu que o carinho e a amizade poderiam vir de diversos lugares, inclusive de um garotinho loiro e de olhos azuis, ninguém menos que o filho do patrão.
Henrique também cresceu sendo alvo da crueldade do pai, mas a presença da mãe, dona Inês, fez uma grande diferença na vida dele. Ela inclusive incentivava a amizade do filho com Malikah, mas alertando do perigo que seria para ambos caso Euclides desconfiasse de tal aproximação.
— Não é sempre, mas vez ou outra eu esbarro nela pelos arredores da fazenda. Nós gostamos de conversar, contar histórias. — O menino franziu o cenho. — Malikah ficará encrencada se for pega, certo?Entretanto, Euclides tomou sim conhecimento dessa amizade, que só cresceu ao longo dos anos e fez de tudo para separar o filho da escrava e sem a interferência das mães das crianças foi ainda mais fácil. Mas a cada retorno de Henrique eles se aproximavam ainda mais. Não que isso impedisse Euclides de envenenar a fraca personalidade de Henrique contra Malikah. Tanto que, ao descobrir a gravidez dela, duvidou da paternidade da criança.
— Teu pai não haverá de gostar mesmo. É contrário a qualquer regalia oferecida aos escravos. — Inês fez um barulho desdenhoso com a boca. — E ainda acredita que irá para o céu. — Essa observação ela proferiu entredentes. — Contudo, meu anjo, se ser amigo de Malikah te faz bem, e a ela também, claro, quem disse que ele precisa ter conhecimento dessa situação, concorda?
— Iremos mentir para ele, mamãe?
— Omitiremos, querido, para teu bem e o bem da menina.
P. 61
Alternando os capítulos entre passado e presente conseguimos entender porque Malikah não quer que Henrique se aproxime dela e de Hasan. A confiança conquistada durante muitos anos foi quebrada quando ela mais precisou dele, mas Henrique mudou muito nesses dois anos que tem vivido na Quinta. A verdade é que ele voltou a ser quem era quando jovem, com uma influência maior da mãe do que do pai.
— Mas hoje ela teria orgulho de mim. Bom, penso eu que sim. Gosto de acreditar nisso. — Ele diminuiu o tom de voz. — Não sou como meu pai, Malikah. Tenho me esforçado ao máximo para me parecer com o meu irmão. Então, acho mesmo que minha mãe sentiria orgulho de mim.A história narrada pela Marina mostra o quanto era difícil a vida no século XVIII: escravocratas, bandeirantes, africanos, indígenas tentando viver no mesmo lugar, uns com mais "armas" do que os outros. Alguns não sendo sequer considerados humanos aos olhos de outros. Marina aproveita o romance para trazer à tona questões tão antigas e infelizmente ainda presentes na nossa sociedade, afinal, engana-se quem acredita que não existe preconceito, mesmo em um país tão miscigenado.
P. 86
— (...) tu agiste com o coração, como Jesus nos ensinou, ao vencer as barreiras do preconceito. Todos os seres humanos são iguais aos olhos de Deus. Imbecis são aqueles que creem no contrário. — Padre Manuel Rodrigues reduziu o tom de voz. — Inclusive a maioria dos clérigos, infelizmente. Rezemos para ter um coração que sempre abrace a todos, sem distinção. Afinal, Deus há de julgar-nos conforme tratamos nossos semelhantes.Uma leitura incrível, personagens fortes em busca de seus caminhos, com erros e acertos ao longo da história. Marina me deixou sedenta de uma nova história, que espero que seja logo publicada.
P. 323
Sabia do lançamento do livro, mas não havia percebido que é da mesma autora de "Simplesmente Ana"(há tempos que quero lê-lo!). E, agora, "A História de Malikah" também vai para a minha lista. Achei muito interessante ela explorar esse lado escravista da história e, ainda por cima, misturar com romance! Sei que vou adorar esse livro!
ResponderExcluirOi Lay
ResponderExcluirN conhecia a autora e n tinha lido nada sobre o livro mas achei interessante!!!
Bjoooos
muitospedacinhosdemim.blogspot.com.br
Lay!
ResponderExcluirAcho bem bacana quando uma autora consegue se superar com uma história que continua a saga de livros anteriores.
Marina escreve bem e trazendo a história da chegada de Malikah como escrava e por tudo que passou, deve ser uma ótima continuação.
Maravilhosa semana!
“Gosto de ouvir. Aprendi muita coisa por ouvir cuidadosamente. A maioria das pessoas nunca ouve. “(Ernest Hemingway)
cheirinhos
Rudy
TOP COMENTARISTA MAIO BLOG ALEGRIA DE VIVER E AMAR O QUE É BOM!
Olá Lay!
ResponderExcluirQue livro lindo e bem doloroso, apesar de contar uma historia que realmente acontece em épocas passas e bem difícil conta né. O livro tem uma premissa muito boa e com uma historia emocionante, espero conhecer a historia desse livro!
Meu blog:
Tempos Literários
Já vi várias resenhas positivas sobre a autora, mas ainda não tive oportunidade de ler nenhum deles.
ResponderExcluirGosto bastante de romance de época e achei a história super emocionante, ainda mais trazendo a história de uma escrava.
beijjinhos
She is a Bookaholic